Mulheres cacheadas - uma nova corrente, Você vai assumir também?

Boa tarde pessoal, muito tem se falado agora das mulheres aceitarem seus cabelos e se assumirem cacheadas como são, pela saúde dos fios e também delas mesmas, ficando livre de químicas e o principal, livre dos padrões de estética que tem ditado já há alguns anos a moda dos fios lisos, onde um fiozinho fora do lugar vira tortura.


Cabelo bom, bonito, arrumado é sinônimo de cabelo liso, assim como o cacheado ou crespo é sinônimo de cabelo não tão ruim, ruim, desarrumado, informal, etc...

Tanto se fala de igualdade e ainda quando se trata de cabelo tem essa distinção? Vem conhecer os detalhes...




Já reparou como na maioria das propagandas vemos as mulheres completamente insatisfeitas ou até mesmo histéricas com seus cabelos "não lisos"?



E as mulheres felizes e poderosas são só aquelas pós chapinha?


Desde que me lembro pensando sobre esse assunto sempre preferi o meu cabelo ao natural, como uso até hoje, mas em muitos tipos de festas e algumas entrevistas de emprego, alisei os fios para passar "uma imagem melhor", sabe porquê? Nós percebemos os olhares, os comentários, a atitude das pessoas quase que dizendo: ela poderia ter arrumado o cabelo, como se ele tivesse bagunçado...

Por isso, convidei duas amigas que também assumiram os cachos para falarem sobre o assunto, e trago para vocês essa matéria para quem também se identifica.

Ana Paula

Meu nome é Ana Paula Batista de Belo Horizonte, profissional de marketing, especializada em projetos de gestão de marcas.  
Temos referência do cabelo liso devido ao padrão de beleza eurocêntrico imposto pela mídia brasileira. A mulher que vemos em todos os veículos da publicidade é uma mulher branca, loira, com cabelos lisos e magra.


Um padrão impossível de se alcançar pela estética visto a realidade da estética que temos no Brasil, diante de uma população extremamente miscigenada. 51% da população brasileira é composta por mulheres e sendo que mais da metade dessas mulheres se declaram negras ou pardas, sendo assim não temos representatividade de beleza em nossa própria sociedade. 

O cabelo da mulher negra seja ele crespo, cacheado, ondulado ou liso ainda é muito marginalizado pelos padrões de beleza, mas nos últimos anos por resultado de muita militância política houve um certo declínio da “ditadura da chapinha”.  


Perguntei à Ana se assim como eu ela acredita que ainda existe a discriminação, e ela respondeu: Existe descriminação sim. Sofro descriminação quando ouço que tenho que arrumar meu cabelo para ir a uma festa de casamento. Quando ouço que tenho que abaixá-­lo e em momentos semelhantes.


AGORA ATENÇÃO, ELA DEU DICAS MARAVILHOSAS QUE EU TAMBÉM NÃO CONHECIA:

Lavo no máximo 2 vezes por semana para aproveitar a oleosidade natural. Como os cachos são fios em espiral esse óleo não chega nem no meio do comprimento do fio, sendo assim, é necessário hidratação continua em toda a extensão do fio. Esta hidratação faço semanalmente. Todos os dias moldo os cachos com leave-­in com filtro solar ou um condicionador spray.


Quando era adepta a escova e chapinha, não alisava quimicamente meu cabelo com frequência, por isso, meu processo de transição capilar não houve a necessidade de cortar muito curto, então, a medida que ele vai crescendo vou cortando as pontas, até chegar. Entretanto existem mulheres que precisam cortar curtinho, pois a diferença do fio com química e o natural que vai crescendo é muito grande, não dá para conciliar… sendo assim cada uma tem um processo de cuidar dos cachos e dos materiais utilizados. 

Espessura e comprimento dos cabelos contam muito na decisão de qual produto utilizar em cada fase, sendo assim, minha dica é ficar ligada principalmente nos conteúdos online de blogueiras e vlogueiras que conseguem externalizar suas experiências, às quais ganhamos de lições. Existe vários tipos de cabelo: texturas e comprimento. Acontece é que cada um precisa de um produto específico. 

O meus cachos são crespos, porém, crescem para baixo, mas com muito volume. Mas existem pessoas que também tem cabelos crespos, porém não tem cachos definidos e os fios crescer para cima, ou seja, com essa infinidade de estética capilar em nosso país, fica complicado apontar qual é o mais fácil ou mais difícil. Cada um com sua peculiaridade e forma de cuidados, pois o que serve para uns não necessariamente serve para outros.


No Brasil existem muitos produtos especializados, entretanto, o que precisa ser questionado é que nem mesmo estes produtos não dão representatividade para seu público ­alvo.

Angel


Eu sou a Angel, nasci de cabelos lisos, depois de cortados bem curtos aos 7 anos, se ondularam naturalmente, e depois dos 15 optei por usá-los sempre bem cacheados porque combinam mais com o meu jeito descontraído de ser, sou sempre elogiada, me chamam de cabelos de anjo. rsrs
Acho que a tendencia da sociedade de ter cabelos lisos é pra se mostrarem mais comportadas, o que em certos momentos nem sempre é assim.


A transição é sempre mais difícil até achar os produtos ideais, ano passado, experimentei um tal shampoo e condicionador, ditos ótimos pela mídia, mas foi um horror, embaraçou todo o meu cabelo, e como eu fiquei atrasada pra um compromisso importante (desfile de noiva) tive que ir penteando dentro do táxi, e tive que fazer um coque, colocando uma flor pra disfarçar, rsrs

Agora, nada complicado, apenas lavo bem 3 vezes por semana, condiciono, seco naturalmente ao vento, e hidratação 2 vezes por mês. Acho muito mais prático e melhor cuidar dos longos, gastamos mais $$$, mas ficam mais bonitos e atraentes. É só usar produtos com a marca que você se adaptar melhor, evitar prender sempre, e manter a hidratação. Antes recorríamos a receitas caseiras naturais e hoje em dia a indústria cosmética está bem avançada e tem produtos pra todos os gostos e bolsos, rsrs.

Perguntei também à Angel, o que ela acha que a maioria da população prefere, e ela respondeu: 
Acho que no fundo iriam preferir os cacheados, mas em função do trabalho, do tempo, e a mania das mulheres de manterem a aparência impecável concorrendo com as outras, acabam se viciando em salões e gastando uma fortuna em prol dos outros.


De forma alguma a intenção desse post é fazer com que vocês escolham o cacheado, a intenção é fazer com que vocês escolham o que é melhor para vocês, o que as deixam felizes e não o que é ditado como regra por aí de uma forma tão perversa que até as crianças sofrem.
Foi o que mostrou a nova campana da Dove que já vem há muito tempo lutando pelo fim do esteriótipo em suas campanhas sobre "mulheres de verdade".

Esse vídeo apresenta meninas de 5 a 11 anos que confessam não gostar do que veem no espelho. Uma delas, inclusive, conta que fica puxando os fios com os dedos (na tentativa de alisá-los), mas não funciona. A ideia da Dove, então, é dizer que a melhor maneira de inspirar estas e outras garotas a amar os cachos delas é mostrando o quanto você ama os seus. 

A lição que fica é, escolha o cabelo que te deixa feliz, e não deixe se influenciar pela opinião alheia.


INSPIRAÇÃO:




Então é isso pessoal, e já sabem quem quiser contar a sua experiência também só postar nos comentários ou entrar em contato nas redes sociais, agora vocês verão muitos posts sobre cachadas por aqui.
Até a próxima
Th@is

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